Maíra Mafra
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A Shelter
Escultura, Som
2023
Porto, Portugal
Esta obra foi concebida como uma resposta à chamada aberta feita pelo The Largo, Hotel Conceito localizado no Largo São Domingos, na Cidade do Porto, Portugal.
Vencedora do concurso, A Shelter passou a integrar a The Largo's Permanent Art Collection, entre obras de artistas como Álvaro Siza, Rui Chafes, Mafalda Santos, Maria Trabulo, e outros.
O Júri, composto por Marta Moreira de Almeida (PT), Maria Trabulo (PT), Ditte Ejlerskov (DK), Gitte Beha Smed (DK), Steen Bock (DK), divulgou a avaliação:
“A forma única de Maíra incorporar vários materiais e técnicas agradou a todos os membros do júri. A tatilidade e habilidade nos interessaram profundamente. Por meio de produções sensoriais e referências históricas, que alinhadas com ideias sobre seu próprio corpo, o material encontrado e sua relação com a cidade em que vive, Maíra trouxe conceitos interessantes para uma bela obra de arte”.
Um conto: Vagueando pelo antigo Centro da cidade, paro para tomar um café e ouço um velho conversando com a senhora que nos atende. Ela pergunta se ele consegue relembrar seu passado, dizendo que suas memórias foram embora. Ele conta a ela que isso aconteceu com ele e continua: “alguns dizem que as memórias arraigadas nos arredores construíram um lar para aninhar o presente e o futuro. Foi só quando conheci o "Abrigo" e olhei para a sua escuridão que pude relembrar o meu passado e sentir-me em casa novamente”.
João do Rio, escritor brasileiro do século passado, dizia que as ruas têm alma. Eu concordo e também acho que as coisas ao nosso redor estão vivas. Nesse mundo, humanos e não humanos formam organismos, e o meio ambiente é constituído por essa coexistência. Como afirma Tim Ingold em “Perception of the Environment - Essays in living, dwelling and skill”, não há separação entre organismo e ambiente. O que me leva a concluir: as coisas estão vivas por meio de seus habitantes.
"A Shelter" é uma homenagem ao acto de habitar, e também uma homenagem ao invisível. A parte de trás do caixotão, há muito tempo escondida, é agora visível, assim como os caminhos dos bichos que um dia viveram nele e os pregos oxidados forjados à mão (denominados “cravos”). É também uma forma de agradecimento a este caixotão, algo que ajudou a cuidar dos humanos e não humanos que habitaram a edificação. Uma coisa que antes era uma árvore, também casa de muitas formas de vida.